Imagem e biografia: https://pt.wikipedia.org/
DUARTE DE AZEVEDO,
Manuel Antonio
( Brasil – Rio de Janeiro )
( 1831 – 1912 )
Manuel Antônio Duarte de Azevedo (Itaboraí, 16 de janeiro de 1831 — Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1912) foi um político brasileiro.Foi presidente do Senado Estadual de São Paulo, de 1906 a 1912. Faleceu no exercício do cargo.Conselheiro do Império, formou-se em direito pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1856, doutourando-se em 1859. Foi juiz de órfãos em 1858.Foi presidente das províncias do Piauí, de 13 de julho de 1860 a 15 de abril de 1861 e do Ceará, de 6 de maio de 1861 a 12 de fevereiro de 1862.
Tomou posse como professor catedrático de Direito Romano da Faculdade de Direito em 1871, após lecionar, desde 1862, em várias cadeiras como lente substituto. Deputado geral por São Paulo, em 1868, ministro interino da Marinha e ministro titular da Justiça no Gabinete Rio Branco (1870 — 1875).
Voltando para São Paulo, com a proclamação da República foi eleito senador por São Paulo, exercendo sua presidência quando faleceu. Recebeu a grã-cruz da Ordem Imperial Prussiana de S. Anna de 1ª classe e a grã-cruz da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Foi membro da Ordem Terceira do Carmo. Escreveu várias obras, das quais se destaca "Controvérsias Jurídicas", publicado em 1907.
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ANTOLOGIA DA POESIA PAULISTA II. Org. Domingos Carvalho da Silva, Oliveira Ribeiro Neto, Péricles Eugênio da Silva Ramos. São Paulo: Comissão Estadual de Literatura, Conselho Estadual de Cultura, 1960. 173 p. 16x23 cm. Inclui Errata. Impresso na Imprensa Oficial do Estado.
Ex. bibl. Antonio Miranda
O TROPEIRO
Também sou rei; se tanjo as minhas tropas
Tremem todas a um só dos gritos meus;
Na terra não respeito mais que as chuvas,
Não dou contas de mim senão a Deus.
Se me corteja,, também lhe tiro
Meu chapéu de aba larga, à senhoria;
Quando não, vou seguindo repimpado
E meu burro que faça a cortesia.
Não sei de classes, mas ninguém me vence
Que sou filho legítimo de Adão,
Bastardia não entra-me na raça,
Porque nunca mudei de geração.
Não sofro lérias; quem quiser que passe,
Mas que não venha me contar façanhas...
Ai! dele! Pelas tripas do machinho
Que lhe faço no ventre umas aranhas.
De cima sempre, e como prova disto
Posso dará mesmo aqui pública fé.
Conheço-me tropeiro há muitas luas
E ninguém me viu ainda a pé.
Portanto sou senhor; só estremeço
Quando ronca no céu a trovoada;
Sou homem de calor, não amo o frio,
Muito mais quando a roupa está molhada.
Sou amigo do ponche, e da viagem
É ele o meu constante companheiro.
E assim vou indo como vão as bestas,
Alegre, quando mesmo sem dinheiro.
Amo, entretanto, os cobre; na taverna
Gosto de os ver rolar pelo balcão
Em música suave que penetra
Nas dobras mais fiéis do coração.
Tomo o codório, que não é por isso
Que minh´alma há de ir parar no inferno.
Não o dispenso nunca, quando há calma.
Nem quando caem neves pelo inverno.
Desprezo as moças, mas recebo os beijos
Da caipirinha, à beira do caminho.
São frescos como o orvalho das barrocas,
Ou como a espuma do rosado vinho.
Sou rei, amo somente as minhas tropas,
O dinheiro, o facão, o azul dos céus,
Não temo tentação de excomungados,
Não dou contas de mim senão a Deus.
Nem mais, nem menos; é assim que gira
O tropeiro, feliz quando caminha;
Anda altivo e soberbo como um frade,
Como a besta que vai com a campainha.
Alerta! minhas tropas de viagem,
Que os nevoeiros sobem já do monte.
É tempo de partir, o sol desponta,
E a serra já aparece no horizonte.
(Almanaque Literário de São Paulo -
José Maria Lisboa — 1884 — p. 257)
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Página publicada em outubro de 2022
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